Ambiente

O homem que plantou uma floresta sozinho

Numa ilha fluvial da Índia, acossada pelas mudanças climáticas, um exemplo heroico revela que é possível enfrentar os desastres naturais. Por Ingrid Araújo, publicado em Pensamento Verde.
Durante 30 anos, Jadav Payeng plantou o equivalente a 540 hectares ou 800 campos de futebol oficiais, na Ilha de Majuli, no leito do rio Brahmaputra.

Dizem que um homem precisa de fazer pelo menos uma de três coisas antes de morrer: ter um filho, escrever um livro ou plantar uma árvore. Jadav Payeng, morador de Assam, nordeste da Índia, pelos vistos exagerou na terceira opção. Durante 30 anos o indiano plantou o equivalente a 540 hectares ou 800 campos de futebol oficiais, na Ilha de Majuli, no leito do rio Brahmaputra.

A ilha fluvial já sofreu erosões no solo arenoso e 70% dela já ficaram alagados devido aos impactos do aquecimento global que afetaram o rio Brahmaputra. Desde 1979 Payeng preocupava se com a precariedade da ilha e desde então procurava soluções e apoio do governo local para evitar as enchentes e, principalmente, poupar a vida dos animais.”As cobras morreram no calor, sem qualquer cobertura arbórea. Alertei o departamento florestal e perguntei se eles poderiam plantar árvores lá”, relata o indiano.

A única solução encontrada pelas autoridades era a de plantar bambu. Sem muito sucesso, Payeng disse que chorou debruçado sobre os animais mortos ao ver as tragédias. “Não havia ninguém para me ajudar. Ninguém estava interessado”, desabafa Payeng. O indiano não se conformou e logo procurou uma alternativa para transformar a situação.

Payeng começou a cuidar da floresta sozinho plantando árvores e vivendo por muito tempo naquele banco de areia até a vegetação crescer e dar forma a floresta de “Molai Khatoni”. Desde os 16 anos, Payeng cuida da ilha, certa vez ele relatou a um jornal indiano que precisou trazer para a ilha algumas formigas vermelhas e outros animais que serviriam de alimento para conservar a vida da fauna local. “Depois de 12 anos, vimos urubus. As aves migratórias, também, começaram a afluir aqui. Cervos e gado atraíram predadores”, afirmou Payeng.

Para Payeng, a natureza tem uma próspera cadeia alimentar e por isso deve ser protegida pelos seres humanos. A história de Payeng é tão impactante que foi tema de um documentário sobre preservação da natureza. Veja o trailer da história contada pelo diretor Will MacMaster:

  

Artigo publicado em Pensamento Verde.