“O Presidente da República perdeu o controlo da situação”, alerta Adolfo Campo
Alemanha - Manuel Hilberto Ganga, dirigente da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), foi abatido com um tiro, no sábado (23.11), em Luanda, por um elemento da Guarda Presidencial.
Fonte: DW
Segundo o porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional angolana, Aristófanes dos Santos, o grupo, do qual Ganga fazia parte "foi detido quando procedia à afixação indevida de cartazes de propaganda subversiva de caráter ofensivo e injurioso ao Estado e aos seus dirigentes, tendo os mesmos sido prontamente neutralizados por uma patrulha da Guarnição do Palácio Presidencial, resultando na sua detenção".
O comunicado de imprensa divulgado por Aristófanes dos Santos refere ainda que o jovem dirigente da CASA-CE foi morto com tiro quando se tentou pôr em fuga.
Em conferência de imprensa, esta terça-feira (26.11), o líder do segundo principal partido da oposição angolana, Abel Chivukuvuku, apresentou a versão do partido sobre os acontecimentos e anunciou o programa das cerimónias fúnebres de Manuel Hilberto Ganga, marcadas para quarta-feira (27.11).
Citando um dos restantes sete elementos que estiveram também detidos, António Baião, a CASA-CE alega que foram disparados dois tiros e não um, como afirma a polícia.
A principal questão que se põe, neste momento, é: quem deve ser responsabilizado pela morte de Manuel Hilberto Ganga, dirigente da oposição, que foi abatido por um elemento da Guarda Presidencial?
A DW África fez esta e outras perguntas a Adolfo Campos, membro do Movimento Revolucionário, que foi também um dos detidos, em Luanda, e participou na distribuição e afixação de panfletos que era feita por membros da CASA-CE, ao lado do falecido Manuel Hilberto Ganga.
DW África: Na sua opinião, de onde veio a ordem para disparar sobre Manuel Hilberto Ganga?
Adolfo Campos (AC): O elemento da Guarda do Presidente da República obviamente não fez aquilo porque quis fazer, obviamente que havia algum mandato prévio sobre o que fazer com os manifestantes ou com as pessoas que estavam a colar os cartazes.
DW África: Depois da morte de mais um jovem manifestante, como descreve o ambiente que se vive em Angola neste momento?
AC: Angola encontra-se numa situação muito crítica neste momento. O povo angolano está muito furioso, com uma dor enorme com a situação que está a decorrer porque temos um Governo em que não podemos confiar. Não entendemos por que é que a tropa do Presidente é uma tropa privada, é uma tropa dele, pessoal. O Presidente da República perdeu o controlo da situação, uma situação onde ele quer ser tudo, mandar em tudo e fazer tudo.
DW África: A Polícia Nacional admitiu que Manuel Hilberto Ganga foi baleado por um membro da Guarda Presidencial, mas alega que o jovem se tentou pôr em fuga após ter invadido o perímetro do espaço reservado ao Presidente.
AC: Isso é pura mentira! Simplesmente querem limpar a imagem do Presidente da República. Não tem como alguém entrar no perímetro do Presidente para pôr um cartaz. Isto é uma pura mentira. A história verídica é que o jovem estava a colocar o panfleto na área dos coqueiros, que está muito fora do perímetro do Presidente da República. Pelo que, quem apanhou esse jovem foi porque foi mandado para fazer limpeza, para recolher todo o pessoal que estivesse a pôr os cartazes. Inclusive, recolheram-me a mim e não estava no lado da casa presidencial. Estava no aeroporto e fui também recolhido.
Recolheram essas pessoas, que eram o grupo do Ganga, e meteram-nas no carro. Dentro do carro, conforme as informações que tivemos das pessoas que lá estavam presentes, receberam muitas ameaças, [por exemplo] que iam ser mortos, fizeram um terror dentro do carro.
Assim que o guarda presidencial saiu para abrir o portão, então o Ganga viu que aquela era a única possibilidade de sair para poder sobreviver. Então saltou do carro e pôs-se em fuga e foi nesse momento que o alvejaram diretamente. Agora a pergunta é: porque é que dispararam? Obviamente que havia um mandato para disparar contra as pessoas, para matar as pessoas que estavam a pôr os panfletos.
DW África: Já foi identificado o homem que disparou sobre Manuel Hilberto Ganga?
AC: Só se sabe que quem matou é um membro da segurança do Presidente da República. Obviamente cabe agora à polícia apresentar essa pessoa, quem matou e quem mandou matar, porque nós não só queremos [saber] quem matou mas quem mandou matar. Depois do enterro, nós vamos pedir todos esses dados.
DW África: Como reagiram os colegas, amigos, a vizinhança, o povo em geral a esta morte?
AC: O povo está assustado, nem sabe o que vai fazer neste momento. Estamos todos assutados porque estamos todos inseguros no país, a qualquer hora isto pode desabar. Estamos todos em fúria, com muita dor e sem saber o que fazer. Todas as manifestações que temos feito, desde 17 de março, tanto nós como o Movimento Revolucionário, são sempre pacíficas. E, neste momento, em Angola encontramo-nos num clima de terror.
DW África: E é neste clima que se vai realizar, na quarta-feira (27.11), o enterro do jovem Manuel Hilberto Ganga. Como vai ser?
AC: Esperamos que seja o enterro se realize em paz. Esperamos que eles [forças de segurança] não façam nada de mal até porque já começaram a aterrorizar as pessoas. E isto só nos leva a dar a conhecer à comunidade internacional que, neste momento, estamos sob vigília do SINFO [Serviços de Informação]. O SINFO está agora a aterrorizar a vida de cada pessoa que se manifesta por qualquer coisa neste país
Filha de Jonas Savimbi lidera associação
Lisboa - Helena Mbundu Sakaita Savimbi, uma das filhas do fundador da UNITA, Jonas Savimbi com a malograda Vinona Savimbi, esta a destacar-se no associativismo ao contrário dos seus irmãos que estão na política activa, em Angola.
Fonte: Club-k.net
Residente em Paris, a mais de duas décadas, a jovem Helena Sakaita faz agora parte da liderança da apartidária “Associação dos Amigos de Jonas Savimbi”, uma agremiação baseada na capital francesa que procura honrar o contributo daquele que junto com Agostinho Neto e Holden Roberto, formam o trio de subscritores dos acordos de Alvor, que ditaram a Independência de Angola.
Para assinalar os 12 anos desde o passamento físico de Jonas Savimbi, aquela associação de angolanos na diáspora irá organiza um encontro/debate no próximo sábado, dia 22, em Paris cujo tema será centrado nos feitos do líder fundador do maior partido da oposição em Angola.
A “Associação Amigos de Jonas Savimbi” realizará o referido encontro na “rua Duc número 9”, estando entretanto a corresponder com os interessados através do correio electrónico: assojms@yahoo.fr.
Helena Savimbi, a líder da associação é formada em relações internacionais e ciências políticas. Em Maio de 2013, ao ser questionada como pretendia resgatar a imagem do seu falecido pai, a mesma respondeu da seguinte forma.
“Eu e os meus irmãos criamos uma associação 2AJS (Associação dos Amigos Jonas Savimbi) Com está associação queremos valorizar e proteger a sua imagem, a sua obra. As origens de Jonas SAVIMBI para as pessoas o conhecerem melhor. Porque até hoje existe muitas informações falsas que circula sobre ele e nós decidimos contar a verdadeira história dele a partir dos nossos momentos vividos com ele, dos familiares mais velhos como a sua irmã, minha mãe/tia, e verdadeiros amigos que o conheceram”, revelou.
*Na imagem fotográfica pode se ver Jonas Savimbi com a esposa Vinona que veio a falecer no início da década de oitenta. Ao colo, está a filha Helena Sakaita.
Empresário que ofereceu carro a falso filho de JES chamado a depor
Anderson Feijó (na foto), o jovem que se fazia passar por filho do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Fonte: Club-k.net
De acordo com informações, a DNIC procura entender o funcionamento das facilidades financeiras que se embrionou a volta de Paulo Feijó, com realce a um empréstimo de meio milhão de dólares do Banco de Poupança e Crédito (BPC).
Sílvio Jaime (por sinal filho do antigo governante, Aguinaldo Jaime) acreditava que Paulo Feijó era filho de JES chegando a lhe oferecer uma viatura. Porém, não se sabe realmente se ofereceu a viatura por simpatia ou como um mero gesto de graxa, ao falso irmão da bilionária, Isabel dos Santos.
Antigo estudante em Itália, Paulo Anderson Feijó reunia-se em Luanda e no estrangeiro com vários empresários que o tomavam como filho do Chefe de Estado angolano. O filme terminou quando ele foi preso na véspera da cimeira dos Chefes de Estado dos Grande Lagos, ocorrida recentemente em Luanda.
Na altura, a direcção do Hotel Centro de Convenções de Talatona (HCCT), onde Paulo Feijó vivia nos últimos três meses, precisa de quartos de andares diferentes para poder separar as delegações do Rwanda e Sudão que não poderiam ficar juntas devido a rivalidades regionais.
Uma das gerentes do hotel teria dito ao protocolo de Estado que não se podia desalojar um certo quatro por estar nele um filho de Eduardo dos Santos que atende pelo nome de Paulo Feijó dos Santos.
Manuel Pedro Pacavira, tio do jovem apelou aos familiares para que ninguém se metesse no problema que o sobrinho foi procurar.
Há também conhecimento de que JES ao tomar conhecimento do assunto, terá se mostrado favorável que o rapaz fique “por mais algum tempo” na cadeia a título de correção
Detidos do caso Kamulingue revelam dados que embaraçam governador de Luanda
Lisboa - Pelo menos em três ocasiões que a Procuradoria Geral da República (PGR) inqueriu os elementos do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), que se encontra sob custódia da justiça por causa dos assassinatos de Alves Kamulkingue e Isaías Cassule, forneceram elementos de informação sob o “modus operante”, ao qual incluem o papel do Governo Provincial de Luanda (GPL).
Fonte: Club-k.net
Segundo, informaram nos interrogatórios sempre que se anunciassem intenções de realização de manifestações ou protestos em Luanda, e os interessados (manifestantes) escrevessem ao governador de Luanda, Bento Francisco Bento, para comunicar conforme determina a Constituição, este, por sua vez, fazia chegar as correspondências ao SINSE, solicitando levantamento dos dadopessoais dos organizadores/líderes da anunciada manifestação.
O SINSE, por sua vez, colocava no terreno os seus homens que atendem pelo código OV (abreviação de observadores visuais) para identificar os cabecilhas e, dias antes das manifestações, facultavam os dados a Polícia Nacional para que estes os prendessem. Dai a Polícia Nacional prendia por dois ou três dias em diferentes cadeias, e depois soltava-os até que o tema da manifestação terminasse junto da sociedade civil.
Caso Kamulingue
De acordo com os mesmos, quando se tentou realizar a manifestação do dia 27 de Maio de 2012, o SINSE tomou conhecimento da mesma através do GPL e tiveram outros suplementos através do próprio Alves Kamulingue que se comunicava com alguém da segurança de Estado que se fazia passar por amigo.
Os mesmos assumem que neste dia foram os homens do SINSE que prenderam Alves Kamulingue e o entregaram a Polícia Nacional. Conforme explicaram, a PGR, este era o procedimento muito normal que se fazia.
Naquele periodo, a então comandante provincial da Polícia de Luanda, Elizabeth Ramos Frank “Beth”, se encontrava ausente do país, e era o seu adjunto para área operativa, o comissário Dias do Nascimento Fernando Costa, quem estava a interina-la.
Conforme revelaram, o comandante Dias do Nascimento Costa telefonou para o delegado adjunto do SINSE, Augusto Mota, e este foi ter com ele no quilómetro 44, na companhia do Chefe dos serviços de Viana, João Fragoso. Postos no local, os dois responsáveis do SINSE de Luanda, contam que, encontraram Alves Kamulingue amarrado e já sem vida.
Ao regressarem do local do crime, Augusto Mota telefonou para o delegado provincial do SINSE, António Manuel Gamboa Vieira Lopes “Tó”, informando que os colegas da polícia/DNIC “limparam” Alves Kamulingue. Augusto Mota confirmou, na altura, que presenciou os seus colegas da polícia a executarem o activista mais nada poderia fazer para impedir.
Durante aos interrogatório na PGR, os elementos do SINSE foram questionados se em algum momento receberam ordem do seu então superior, Sebastião Martins, e estes disseram que “não” e esclareceram que naquele momento o antigo DG dos Serviços Secretos se encontrava ausente do país. Foram igualmente questionados, o porque não o informaram do que se estava a acontecer.
De momento, as autoridades procuram entender quem terá dado aos homens liderados pelo comandante Dias do Nascimento, as ordens para execução de Alvés Kamulingue, visto que tanto o ex-ministro do Interior, Sebastião Martins, e a ex-comandante provincial Elizabeth Frank “Beth”, os seus superiores hierárquicos, se encontravam ausentes.
Morte de Isaías Cassule
Quanto à morte de Isaías Cassule, líder do Movimento Patriótico Unido, os responsáveis do SINSE revelaram que o “homem do GPL” contactou Augusto Mota pedindo o número de telefone do activista. O “homem do GPL”, referenciado atende pelo alcunho de “Tcheu” e tem sido apresentado como escolta do governador de Luanda, Bento Francisco Bento (este dirigente do partido no poder já esclareceu publicamente que o mesmo faz parte de um suposto gabinete técnico do Comité Provincial do MPLA de Luanda).
Logo após ter sido raptado por “Tcheu”, o activista Isaías Cassule foi levado para uma esquadra da Polícia Nacional, onde foi sujeito a sessões de torturas. Cassule não resistiu tendo perdido a vida. Ele terá sido esquartejado e as partes dos seus corpos atiradas numa área do rio Dande, habitada por jacarés.
Depois de regressarem da operação de assassinato, o agente “Tcheu” telefonou para o ex-delegado adjunto do SINSE, Augusto Mota, para transmitir que “o presunto” (termo por ele usado para descrever Isaías Cassule) estava morto e que desfizeram-se nos seus restos mortais.
Angola perde uma referência histórica - "J&J"
Toronto - Agostinho André Mendes de Carvalho é uma das figuras históricas de Angola que dispensa qualquer tipo de apresentação. Angola não esta de luto simplesmente pelo seu desaparecimento físico, mas também pelo legado histórico e memórias que se foi. Oxalá que alguém dos seus mais próximos tenha narrações - contos históricos - em primeira mão do nacionalista Mendes de Carvalho e que poderão ser editados um dia.
Fonte: Facebook
Mendes de Carvalho & Biblioteca histórica
Como é de conhecimento geral, a história angolana actual contem muitos aspectos “politizados”. Consequentemente, a história angolana é tida como se fosse um romance literário com pretensões políticas.
Dito isto, não existem argumentos ou factos lógicos que sustentam a actual história angolana. Não existem contestações de que vivemos de uma história imaginaria e além da realidade. Não existem fontes históricas que nos permita cruzar e confrontar a actual história em Angola.
Tristemente, legendas históricas como Mendes de Carvalho, por uma ou outra razão - pelo menos publicamente - nunca revelaram naturalmente o legado angolano que viveram. Enfim, factos adulterados sobre Angola em todos os sentidos imaginários.
Os momentos e situações reais sobre a luta de libertação nacional. Sobre o contestado e polémico Acordos do Alvor e sobre tudo as encruzilhadas existentes no MPLA de Agostinho Neto e do actual presidente são factos que os obreiros da nossa história deveriam ter em MEMORIAS escritas e isentas de pretensões políticas. Paradoxamente, é mais fácil encontrar um livro histórico sobre Angola e escrito por historiadores portugueses em Portugal porque as nossas "vozes vivas" refutam em relatar abertamente as suas experiências.
Com todo respeito e muito humildemente, como um filho de Angola as minhas desculpas pelo atrevimento aqui exposto. É resultado de muita tristeza -sabendo- que um país num século de comunicação digital e sem limites não é capaz de ter uma história balançada e que reflecte o parecer de pelos menos 70% da população. E como disse perfeitamente muito recente Lopo do Nascimento que nos falta construir uma NAÇÃO e para tal não é missão de nenhum partido político afirmar-se como NAÇÃO Angolana.
Sentimentos de pesar para a família enlutada em particular e para Angola em geral que acabou de perder um ídolo histórico com o timbre de uma "biblioteca" nacional e que participou directamente para a construção de Angola após o colonialismo e que sempre defendeu a classe operária !!!!!
Jornalista angolano queixa-se de maus tratos na prisao
Luanda - O jornalista Queirós Anastácio Chiluvia que foi condenado na semana passada pelo Tribunal Municipal da Polícia, no Cacuaco, a seis meses de prisão com pena suspensa durante os próximos dois anos pelo crime de desacato, calúnia e difamação à autoridade pública e exercício ilegal da profissão.
Fonte: VOA
O também Director-Adjunto da Rádio Despertar queixa-se de ter passado vicissitudes durante os seis dias em que la esteve.
Segundo Queirós Chiluvia não foi batido pelos agentes nem mesmo pelos oficiais da Polícia Nacional naquela divisão policial, mas várias vezes foi submetido a fortes maus tratos e ameaças por pertencer à Rádio Despertar.
O profissional de 37 anos de idade disse ainda que na sua vida profissional nunca passou por tantas dificuldades.
"É de se lamentar, e aproveito mesmo os vossos microfones para alertar aos defensores dos direitos humanos para visitarem aquela cadeia para que pelo menos todos tenham consciencia de como são tratados os presos naquela cadeia”, acrescentou.
Queirós acrescentou que o seu advogado ainda não fez o recurso mas que irá apresentá-lo esta semana.
Luanda - Uma cidadã portuguesa foi mortalmente atingida a tiro num assalto à porta do BPC da Maianga, em Luanda.
Fonte: NJ
O crime aconteceu na quinta-feira. De acordo com o jornal português Correio da Manhã, dois assaltantes que seguiam numa moto obrigaram a vítima, que estava no passeio, a parar e a entregar todos os valores. A mulher portuguesa, uma pequena comerciante, resistiu e foi atingida com um tiro no peito.
Os assaltantes vasculharam de seguida o corpo da vítima e retiraram uma carteira que pouco dinheiro tinha. O facto de a vítima ter acabado de sair de uma dependência bancária levou os criminosos a pensar que estaria na posse de um montante maior.
Os assaltantes, que estão a ser procurados pela polícia angolana, são suspeitos de terem cometido outros crimes semelhantes.
Livros escolares sao falsificados na China
Luanda - Para a China vão livros de todas as disciplinas leccionadas no ensino primário, que abarca da 1ª à 6ª classe, de acordo a reforma educativa. Segundo a nossa fonte, os livros chegam a Angola de navio, algumas vezes passando pela África do Sul, sendo desembarcados no porto do Lobito.
Fonte: O País
Seguidamente são transportados por via terrestre até à cidade capital. O destino e o despacho para os clientes são feitos no mercado Asa Branca, disse.
Bela, a nossa interlocutora, que disse não poder revelar o preço que pagam pelas cópias dos livros, mas garante que é um valor acessível e que permite render lucros. “Todo negócio agora vem da China”, mencionou.
Acrescentou que a fiscalização não devem confiscar o material às senhoras que zungam ou vendem nos mercados informais, mas sim fiscalizar os portos e as alfândegas, onde entram esses materiais. “Será que eles não vêem os contentores de livros que entram no país?” Questionou a senhora.
Os fornecedores estacionam as suas viaturas num pequeno parque junto ao mercado, onde as antigas comerciantes do mercado do Roque Santeiro vendem. O negócio é feito em circuito fechado, pelo que não aceitam vender a mercadoria a pessoas desconhecidas, nem tão pouco revelar o preço. “ Já temos as nossas clientes. Se alguém quiser livros em grande quantidade tem de comprar às senhoras a quem vendemos; elas vendem barato ”, disse um dos fornecedores.
Asa Branca, fonte dos livros copiados
No mercado Asa Branca, os livros são comercializados por homens e mulheres, num pequeno corredor que liga o mercado e um quintal onde as senhoras provenientes do ‘Roque’ vendem, denominado de Asa Roque. Num espaço apertado, os vendedores ocuparam o lado direito e o esquerdo para comercializar materiais escolares.
Na “fonte”, como é considerada pelos ambulantes, os livros da 1ª à 6ª classe custam 100 Kwanzas. Margarida Paulo contou que vende no mesmo local onde compra, mas muito cedo. A caixa de livros de qualquer disciplina do ensino primário custa cinco mil ou quatro mil e 500 Kwanzas, revelou.
“As senhoras do São Paulo e outras que zungam pelas ruas de Luanda compram-os a nós, a retalho, ao preço de 100 Kwanzas, para que elas também lucrem”, afirmou.
A comerciante tem conhecimento da proibição da venda dos livros escolares, mas alega que não tem outra opção. “Nós dependemos simplesmente do mercado, de acordo com a procura. Sabemos que nesta época a maior procura são os materiais escolares, por isso, optei em negociar livros. Estamos a dar uma grande ajuda ao governo, porque eles não têm capacidade para oferecer livros a todos os alunos, daí que os livros são vendidos a preço acessível”, referiu.
Uns nas bancadas e outros no chão, por cima de um pano, assim é a venda no corredor do Asa Branca. Bela Simão contou que sempre vendeu material escolar e confessou que os livros da reforma educativa são mais facilmente copiados.
“A China faz tudo, logo, não é novidade. Chego às cinco horas e compro o meu negócio e posteriormente começo a vender. Para Bela, o importante é conseguir alguma coisa para sustentar a sua família. “Não estamos a prejudicar ninguém, não matamos e não roubamos, por isso sinto-me livre em vender o meu negócio”, salientou.
Para além dos livros do ensino primário, em algumas bancadas no Asa Branca também são comercializados livros das disciplinas do 1º e 2º ciclo do ensino secundário, correspondentes à 7ª e 12ª classes.
Assim como na bancada de Domingos Pedro, que diz vender livros com timbre proibido, é crime, “mas os comerciantes vão onde há lucros”, destacou.
As senhoras que nos vendem não aceitam revelar a fonte. Não sei como vêm, nem de onde vêm. “Limito-me a comprar e revender”, disse. Os livros da 7ª a 9 ª classes estão marcadas em 1000 Kwanzas, mas com desconto ficam a 900. Da 10ª à 12ª podem custar 2000 a 1500 Kwanzas. Os livros mais caros são os de língua portuguesa e matemática, explicou.
Manual do ensino primário, os mais procurados no arreio de S. Paulo
Os livros cuja venda é proibida, são os mais procurados nos mercados informais de Luanda. No São Paulo, os preços variam entre 350 a 400 Kwanzas. A vendedora Maura revelou que os livros da 1ª à 4ª classe custam 300 kz, cinco livros saem por 1500 kz.
A jovem comerciante adiantou que compra os livros em grande quantidade no mercado Asa Branca. “Cada caixa tem 45 livros e custa 4.500 kz”.
Por outro lado, Maria Paulo, vendedora há três anos, disse que vende os livros das primeiras classes do ensino escolar no valor de 250 Kwanzas. Maria contou que sempre diversificou o seu negócio e como está a aproximar-se o início das aulas, escolheu materiais escolares.
Maria Paulo afirmou que desconhece de onde provém a mercadoria que vende desde o mês passado. “Eu compro a retalho no mercado do Kikolo, nas senhoras. De onde vem eu não sei. Realmente a venda é proibida, mas é o negócio que encontramos no mercado e está a render lucro, vamos fazer o quê?”.
O mercado do Panguila também tem sido fonte de mercadoria para as senhoras que vendem material escolar. Judith contou que tem comprado os livros no mercado mais a norte de Luanda. “Compro a retalho, cada a 150 e vendo a 300 Kwanzas, mas com desconto. Não somos as culpadas pela venda dos livros. Fizemos sempre alguma coisa para que os nossos filhos não passem a fome. Se o negócio que está a dar lucro de momento é os livros, nós comercializamo-los”.
Encarregados de educação alegam insuficiência de stocks
Os livros muitas vezes não chegam às mãos das crianças. E se a direcção da escola os entregar, não serão todos os livros. Dos cincos livros que o aluno precisa, a escola entrega apenas dois ou três, disse Joana Mateus, enquanto comprava livros da 3ª classe para o seu filho. No livro está escrito que deve ser distribuído gratuitamente, mas encontrase à venda, sem fiscalização, salientou.
O Ministério de Educação deve rever essa situação e produzir mais livros, no sentido de distribuir a todos os alunos. “As escolas não têm stock suficiente e muitas direcções guardam alguns livros para os seus parentes, assim sendo temos que nos prevenir, para que os nossos filhos não fiquem desenquadra dos na sala de aula, caso não recebam todos os livros. Um outro encarregado de educação considerou os preços dos livros acessível. “Cinco livros por apenas 500 Kwanzas”.
O jovem comprou livros para a 2ª, a 4ª e a 5ª classes, para os seus irmãos. “No meu caso, a conta já é maior. Se as escolas distribuíssem todos os livros, seria um alívio para as famílias, principalmente as mais favorecidas”, acrescentou.
Kero comercializa livros adicionais da 1ª à 4ª classe
Ao contrário dos mercados informais, no híper mercado Kero são comercializados alguns livros adicionais para os alunos do ensino primário. O Meu Caderno de Actividade é um livro produzido pela Plural Editora, no âmbito da reforma educativa. Na capa indica que o livro contém textos do manual de língua portuguesa e matemática da 1ª à 4ª classe. Cada livro custa 1.695 kzs.